sábado, 27 de fevereiro de 2010

Rádio e TV: meios de se informar sobre esse serviço público

*Artigo atualizado em 04/03/2010, a 01h00

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Em diversas ocasiões, o blog Mídia Aberta abordou com os internautas uma das questões mais relevantes da comunicação no Brasil: o processo de concessão e renovação de outorga para exploração do serviço de Rádio e TV (radiodifusão).


Já falamos que é de responsabilidade do Governo Federal o papel de outorgar e renovar uma concessão, cuja efetivação só ocorre após deliberação do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado); que o tempo de uma concessão é de 15 anos para TV e de 10 anos para Rádio (podendo ser renovado por igual período caso os responsáveis por prestarem o serviço cumpram as exigências legais e constitucionais); e que dezenas de políticos no Brasil inteiro detêm algum tipo de controle sobre esse tipo de serviço (o que é proibido legal e constitucionalmente).


Agora, chegou o momento de acompanhar e fiscalizar como todo esse processo acontece. Ou melhor, saber a quem estão sendo destinados esses serviços públicos, que carregam consigo uma importância de proporções imensuráveis para a sociedade brasileira.


Um dos caminhos é visitar a página oficial do Ministério das Comunicações. Ao contrário de anos anteriores, o site do Ministério agora disponibiliza, na forma de artigos ou matérias, as informações publicadas no Diário Oficial da União a respeito do destino das concessões de radiodifusão distribuídas pelo Poder Executivo. Dessa maneira, qualquer cidadão pode tomar conhecimento dos responsáveis pelo uso das outorgas de Rádio e TV da sua cidade ou Estado.


Por exemplo: a última informação publicada (12/02) mostra que o Governo Federal aprovou "18 decretos presidenciais que renovam a concessão de 15 emissoras de rádio e TV e outorgam novas concessões a mais três emissoras". A matéria traz ainda a lista completa de estações contempladas com as outorgas e renovações.


Importantíssimo esse tipo de atuação do Ministério das Comunicações, pois permite que a sociedade possa ter o controle de um bem público como o serviço de radiodifusão. O qual, embora para muitos pareça ser propriedade privada de Silvio Santos, Roberto Marinho, bispo Edir Macedo, entre outros, pertence à população brasileira.

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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fornece à população algumas ferramentas fundamentais. Por exemplo, para quem deseja saber as relações de outorgas de rádio e TV já vencidas e as que ainda irão vencer, basta acessar o Sistema de Controle de Radiodifusão (SRD). Você pode pesquisar a situação de cada concessão por Estado ou por município.

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O Sistema de Informação dos Serviços de Comunicação de Massa (SISCOM) disponibiliza um guia das entidades outorgadas e, nele, dados referentes à localização das estações e estúdios, a frequência/canal de cada emissora (rádio e/ou TV), entre outras informações.

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Um outro recurso de pesquisa fornecido no site da Anatel é o Sistema de Acompanhamento de Controle Societário (SIACCO). Através dele, podemos verificar a relação de sócios e diretores que controlam as entidades detentoras de outorgas de Rádio e TV.

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Mas não para por aí! Outro meio de informação indispensável é a página da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados – CCTCI. Ainda no âmbito do Poder Legislativo Federal, qualquer cidadão pode requerer informações a respeito de concessões e renovações de outorgas de Radio e TV diretamente ao seu e-mail . Basta acessar o site da Câmara dos Deputados e clicar no meio da página no link da Agência Câmara.


Lá, na parte superior do site, vá para Boletim Eletrônico e clique, abaixo dele, em Cadastre-se. Após registrar seus dados rapidamente, basta escolher as áreas das quais quer receber informações em seu e-mail. No caso das concessões de Rádio e TV ou outras notícias sobre Comunicações (projetos de lei, audiências públicas etc.), devem ser duas as escolhas: Comunicação e Ciência e Tecnologia.


Além da informação, outra excelente forma de controle das concessões que poderia estar à disposição do cidadão é a consulta pública. Em outras palavras, o poder público concedente das outorgas (Governo Federal e Congresso Nacional) colocaria de forma acessível e transparente em seus sites na internet um debate, em que a sociedade pudesse dar sua opinião, por exemplo, no que tange à renovação de um serviço de radiodifusão de sua cidade ou Estado.


Isto é, se uma emissora de rádio ou TV é ou não merecedora de continuar prestando tais serviços para a população, se ela cumpriu ou não os critérios legais e constitucionais necessários para que possa funcionar (como: respeitar os limites de publicidade na programação; veicular conteúdos educativos, culturais, informativos e artísticos; valorizar programação regional e independente; respeitar os valores éticos e morais da pessoa e da família, entre outros). Entretanto, infelizmente tal procedimento democrático de participação popular não está disponível nessa área das comunicações, embora saibamos que o serviço de Rádio e TV em nosso país é um serviço público.


Feita a crítica (que é também uma sugestão) e conhecidos os meios de nos informarmos a respeito das concessões de Rádio e TV, mãos à obra. Se ainda almejamos ter uma mídia mais democrática, esses são alguns dos caminhos possíveis.


Veja o que já foi publicado no Mídia Aberta sobre concessões de radiodifusão:


Por um debate público e democrático sobre a renovação das outorgas de radiodifusão

Quem é o dono? Emissoras de rádio e TV são concessões de serviço público, e não bens privados!

Concessões de Rádio e TV: relatório aprovado traz expectativa de transformações no setor da radiodifusão


Se não mudamos nós, a mídia não muda!


Até a próxima!

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2 comentários:

João Brant disse...

Oi Vilson,
segue contribuição:

Guia breve para mapear espectro de rádio e TV usando os sistemas da Anatel
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

1) Tem um sistema da Anatel que dá a lista de outorgas por localidade:
SISCOM: http://sistemas.anatel.gov.br/siscom/
Esse é um bom começo para mapear quais as emissoras que operam na região, mas no caso de rádios nas grandes cidades não adianta, porque há várias rádios de municípios vizinhos que são autorizadas a transmitir para a capital.

2) Há um outro sistema para ver a relação de canais/freqüência:
http://sistemas.anatel.gov.br/srd/telalistagem.asp?PagSRD=/SRD/Relatorios/Frequencia/Tela.asp&op=5&SISQSmodulo=6374

3) E um terceiro com as datas de vencimento das outorgas:
http://sistemas.anatel.gov.br/srd/TelaListagem.asp?PagSRD=/SRD/Relatorios/Outorga/RelOutorga.asp&op=5&SISQSmodulo=6250

4) Há ainda um outro para verificar a propriedade e direção dos meios:
http://sistemas.anatel.gov.br/siacco/_Novo_Siacco/Relatorios/PerfilDasEmpresas/tela.asp

Alguns desses sistemas não separam por município (embora haja o campo, ele acaba mostrando todas as daquele estado).

No site www.tudoradio.com há uma listagem com o dial de vários municípios. A vantagem é que esse povo acompanha o troca-troca das concessões, e aponta todas as rádios que pegam no local, diferentemente da Anatel, que só dá a lista das que operam oficialmente no municípios. Além disso, eles dão os nomes fantasia das rádios.
Só mais um detalhe. O que aparece na listagem é o número do canal, e não a freqüência. A fórmula que transforma uma coisa em outra é (CANAL-200)*0,2+87,9=FREQUÊNCIA

Vilson Vieira Jr. disse...

João,

excelente lembrança sobre os sistemas da Anatel e muito interessante também o "tudoradio". Sobre os sistemas de acompanhamento da Anatel, o Mídia Aberta traz um link na página.

Vou incluir sua sugestão no artigo já publicado.

Grande abraço!