domingo, 11 de julho de 2010

O que é, afinal, a democratização da mídia?

Ao postar comentários no Twitter a respeito do noticiário sobre o caso do goleiro Bruno do Flamengo, que tomou de assalto as manchetes na grande imprensa, alertei que era imperativo democratizarmos a mídia no Brasil, tendo em vista a ausência de diversidade e de pluralidade nas informações publicadas.

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A reação ao que escrevi foi imediata. Uma seguidora, estudante de Direito, fez vários questionamentos sobre o que havia postado, mas um deles me chamou mais a atenção: o que é democratizar a mídia?

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Ao alegar que não havia sido convencida sobre o que consiste, de fato, a democratização da mídia, me pediu para que enviasse por e-mail uma resposta mais convincente sobre o tema. Mesmo acometido por um sono implacável (já era madrugada de sexta para sábado), achei por obrigação não deixá-la sem resposta.

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Reproduzo neste blog (com as devidas correções) parte do que escrevi para minha seguidora naquela noite. Espero ainda que possa esclarecer aos que tenham dúvidas ou mesmo confundem democratização da mídia com censura, como foi o caso da twitteira em questão.

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Acredito que democratizar a comunicação seria equivalente à população se apossar dos meios, mas de forma consciente e livre. Hoje, ela se encontra distante, cumprindo um papel de mera receptora de um conteúdo paupérrimo e de baixo nível, produzido por uma elite a qual acredita piamente que, o que produz e transmite, é porque o povo gosta.

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Os números do IBOPE, que embasam tal falácia, tratam o povo como ignorante, que gosta de baixaria e violência, quando o que vemos é a decadência nos números de audiência do mesmo IBOPE, sem contar que eles não refletem de forma alguma o gosto do brasileiro, muito menos o que ele faz enquanto deixa a TV ligada. Em tempo: a Grande São Paulo não pode servir de termômetro do gosto de todo uma nação.

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Democratizar a mídia é ver todas as culturas, etnias e religiões igualmente representadas nos diferentes meios de massa, o que de forma alguma acontece em nosso país. No Espírito Santo (onde moramos), por exemplo, enquanto a mídia enaltece nossa ascendência italiana e alemã (como se fosse a realidade da maioria da população), ela se "esquece" do povo africano que deixou suas marcas fortes e intensas em nossa cultura e que estão na cara da grande maioria da população nas ruas. Onde está o povo afro-brasileiro na mídia local, além dos campos de futebol e das páginas policiais?

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Já imaginou se a radiodifusão brasileira tivesse a divisão proposta pela Lei dos Meios da Argentina (e já existente em outros países), que consiste na repartição igualitária do espectro de radiofrequência (onde transitam as ondas de rádio e TV)!? É assim: 33% para o setor privado, 33% para as organizações da sociedade civil e 33% para o setor público.

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Aliado a isso, imagine a possibilidade de injetar recursos públicos (na forma de fundos) para a sociedade produzir novos conteúdos e, com eles, uma nova visão de mundo e de si!? Isso é democracia! É a oportunidade, ou melhor, o direito de todos terem um espaço para se comunicar, produzir e transmitir conteúdo. Não me refiro ao espaço do leitor nos jornais ou dos famigerados direitos de resposta, ou daquelas microentrevistas no Jornal Nacional que não ultrapassam 10 segundos (mesmo quando são autoridades ou especialistas as fontes entrevistadas).

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Refiro-me a um espaço próprio, como um canal de rádio ou TV, um jornal, uma revista. As pouco mais de sete famílias não podem mais ser as únicas a produzir e disseminar ideias (e de mercado) para centenas de milhões receberem sentados nos sofás de suas casas feito Hommers. Isso é tudo, menos democracia ou liberdade de expressão! E essas famílias ainda estendem seus tentáculos sobre as redes locais de rádio e TV por meio de suas afiliadas, as quais sofrem no papel de retransmissoras de programação nacional, enlatados vindos do eixo Rio-São Paulo.

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Aos que militam nessa luta, a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação representou um passo bastante significativo. Foram mais de 600 propostas concretas e realizáveis, muitas, inclusive, já em andamento no Congresso Nacional, pois dependem de mudanças na legislação.

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Como se vê, não tem nada de censura, ditadura, ou coisa parecida. Foi-se o tempo em que o Estado era o bicho-papão da liberdade de expressão; hoje, ele é visto como parceiro e indutor das políticas públicas de comunicação e, por isso, deve caminhar junto com a sociedade.

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Se não mudamos nós, a mídia não muda!

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Até a próxima!

9 comentários:

WebMarketer disse...

Olá! Muito legal seu blog! Já estou te seguindo! Conheça o meu também! Abraço!

Anônimo disse...

Você convenientemente não menciona o fato de que já temos uma TV estatal onde repercutir nossa voz. Não estamos nas mãos da "grande midia".

A idéia de que uma mídia sob tutela do governo seja democrática é tão tola quanto a idéia de "democratizar" a liberdade de expressão dando ao governo o monopólio de decidir "democraticamente" o que as pessoas podem ou não dizer.

A intervenção do governo na midia, longe de multiplicar as vozes na mídia, SEMPRE resultou no oposto, no silenciamento da livre expressão e sua substituição pela voz única do governo.

Além do mais, hoje, graças ao desenvolvimento tecnológico proporcionado pelo capitalismo, qualquer um pode ter seu próprio canal de TV através do youtube.
Mais democrático que isso é impossível.

Impedir o funcionamento da imprensa livre não é democratizar a mídia e sim abolir uma das bases da democracia.

Anônimo disse...

em resposta ao que o "anônimo" disse, pretendo esclarescer que a regulamentação da mídia nada tem a ver com a quebra da democracia, pois as mídias reproduzem cotidianamente falácias absurdas que muitas vezes são repassadas como verdadeiras ao espectador e se isso não mudar continuaremos a ser meros androides da comunicação de massa desse país.

Anônimo disse...

Então agora botar na mão do governo e deixar esse decidir o que é certo e errado é democracia?
Nos EUA, que não tem nada disso temos diversos atores negros que se juntaram e fizeram seus próprios programas que muitas vezes fazem mais sucesso que os da mídia "tradicional".
Quem nunca viu "Eu a patroa e as crianças" "Um maluco no pedaço"?
Tudo isso sem necessidade de um governo socialista interferindo.
Mais uma vez, marxistas como você deturpam o significado da palavra democracia e tentam criar um projeto infantil e ineficiente.
Parabéns.

Carotida disse...

Diversas emissoras afiliadas da Globo pelo país são controladas por políticos envolvidos em inúmeros casos de corrupção. No Maranhão, a família Sarney controla a TV Mirante; em Alagoas, Fernando Collor responde pela Gazeta.
O artigo 54 da Constituição lembra que é proibido políticos detentores de cargos eletivos controlarem concessionárias de serviço público. Contudo, a Organizações Globo é a empresa de comunicação que concentra 73% da verba pública de publicidade. No mercado de TV por assinatura, a Globosat detém 38 canais e tem poder de veto na definição dos canais da NET e SKY, que juntas controlam 80% de assinantes. Em grandes cidades como Rio de Janeiro, a Globo controla os principais jornais impressos, TVs e rádio. Essa situação seria proibida nos Estados Unidos e em vários países da Europa, onde há regulação democrática da mídia anticoncentração.

JUSTIÇA disse...

Na verdade acredito que democratizar a mídia é regulamentar a não concentração da mídia, seja televisiva, rádio ou escrita, nas mãos de poucos como acontece no Brasil, como é o caso por exemplo da rede globo. Contudo, acho ainda muito mais antidemocrático concentrar poderes nas mãos do Governo. O que vemos na verdade é que o Governo não deixa muitas mídias veicularem suas falcatruas, negligências e imprudências. E isso o povo quer saber. Caso consigamos impedir a não concentração e a não ação direta do governo aí sim, estaremos democratizando.

Anônimo disse...

Não acredito que pessoas aparentemente cultas e inteligentes se deixam levar por estas armadilhas arquitetadas pelo governo chavista!! Ontem lideres do governo se reuniram para discutir a semana doa atos "em defesa da democracia e da reforma politica" e os temas abordados foram: democratização da mídia, revisão da lei da anistia a autores de crimes da ditadura e criminalização da homofobia!! Pois bem traduzindo para todos isto que dizer: Controle da mídia (olhem para argentina e Venezuela - vieram com o mesmo discurso e veja se é este tipo de mídia democrática que vocês querem!!), reprimir ainda mais os atos da ditadura para sufocar qualquer chance de um possível ato militar (pois o caminho que o Brasil esta tomando fica cada vez mais sem volta e somente um ato militar poderia para-los), Criminalização da homofobia e nada mais nada menos do que um afronte a igreja católica pois o comunismo tem como seu maior inimigo a instituição família e cada vez mais veremos regras e leis defendendo grupos e ou atitudes onde o principal motivo é a destruição da família e não proteger um grupo minoritário da sociedade. Antes de dizerem algo sobre este post estudem um pouco de socialismo e a transformação que ocorreram na Venezuela e Argentina. Se assim o fizerem depois me digam se não ficou mais claro o objetivo do PT de manipular tudo e todos e transformar o Brasil em uma Venezuela!!!

Kenzo disse...

Alguém que diz que o governo quer transformar o país X no país Y não pode ser levando a sério.

Anônimo disse...

A rede globo e suas conveniadas são portas do inferno camuflados.