A resposta para a pergunta do título é simples: não há limites na busca insaciável pelos índices de audiência na TV aberta! Pois esta é a impressão que ficou para a esmagadora maioria dos telespectadores brasileiros que assistiram ao verdadeiro show de horrores armado pelo apresentador Silvio Santos. A vítima do dono do SBT foi a menina Maísa, sua “colega de trabalho” no programa dominical que leva o nome do apresentador.
No último dia 10 de maio, a pequena Maísa, de apenas 6 anos de idade, protagonizou uma das cenas mais lamentáveis e degradantes da TV. Silvio Santos provocou choro e gritos desesperadores na jovem apresentadora ao levar ao palco um menino com o rosto pintado e vestindo uma roupa, no mínimo, estranha.
Após fazer a menina correr e chorar diante das câmeras para milhões de telespectadores, Silvio Santos ainda disparou suas gargalhadas sarcásticas, sem se dar conta do mal que fazia a uma criança inocente e frágil, embora Maísa demonstre, pelo menos em cena, um comportamento extremamente precoce se comparado ao da maioria das crianças de sua idade.
Como se não bastasse tamanha exploração, a pequena Maísa se transformou em garota propaganda de produtos destinados a adultos, e ainda virou boneca. Não vai demorar muito para que ela se torne uma grife também.
Para muitos, tal episódio foi simplesmente mais uma entre tantas estratégias já empregadas na TV para entreter o público de casa, na grande maioria tão carente de diversão e lazer no domingo. Mas se pararmos por um momento para refletir, veremos que uma criança está no centro desse acontecimento bárbaro produzido pela televisão.
Uma criança que, como todas as outras, merece, por lei, proteção e respeito quanto à sua integridade moral, física e psíquica. É o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas que foi esquecido por aquele ato insano e desumano de Silvio Santos e toda a sua equipe de produtores (ou seria de criminosos?).
Diz o ECA em seus artigos 4º, 5º, 15, 17 e 18:
No último dia 10 de maio, a pequena Maísa, de apenas 6 anos de idade, protagonizou uma das cenas mais lamentáveis e degradantes da TV. Silvio Santos provocou choro e gritos desesperadores na jovem apresentadora ao levar ao palco um menino com o rosto pintado e vestindo uma roupa, no mínimo, estranha.
Após fazer a menina correr e chorar diante das câmeras para milhões de telespectadores, Silvio Santos ainda disparou suas gargalhadas sarcásticas, sem se dar conta do mal que fazia a uma criança inocente e frágil, embora Maísa demonstre, pelo menos em cena, um comportamento extremamente precoce se comparado ao da maioria das crianças de sua idade.
Como se não bastasse tamanha exploração, a pequena Maísa se transformou em garota propaganda de produtos destinados a adultos, e ainda virou boneca. Não vai demorar muito para que ela se torne uma grife também.
Para muitos, tal episódio foi simplesmente mais uma entre tantas estratégias já empregadas na TV para entreter o público de casa, na grande maioria tão carente de diversão e lazer no domingo. Mas se pararmos por um momento para refletir, veremos que uma criança está no centro desse acontecimento bárbaro produzido pela televisão.
Uma criança que, como todas as outras, merece, por lei, proteção e respeito quanto à sua integridade moral, física e psíquica. É o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas que foi esquecido por aquele ato insano e desumano de Silvio Santos e toda a sua equipe de produtores (ou seria de criminosos?).
Diz o ECA em seus artigos 4º, 5º, 15, 17 e 18:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Infelizmente, Silvio Santos não é o único que usa de forma criminosa a imagem de uma criança como arma na guerra por pontos no IBOPE. O apresentador Raul Gil, da TV Bandeirantes (Band), é bastante experiente no uso desse tipo de expediente. Inclusive, Maísa, antes de ir para o SBT, dividia o palco com Raul Gil.
Com sua saída, o animador não perdeu tempo e investiu numa outra Maísa, que também passa um longo tempo em frente às câmeras tentando conquistar audiência e, com ela, compradores para as dezenas de produtos vendidos durante o programa.
Vale lembrar que o triste episódio envolvendo Maísa (a original) não é um fato isolado e restrito apenas à televisão. Longe dos holofotes da grande mídia, milhares de crianças sofrem todas as formas de violência, sejam elas física, moral ou sexual. Maísa é apenas o símbolo de como nossas crianças são tratadas; não só pela mídia, mas por outros agentes tão opressores quanto, digo a sociedade, a família e o Estado. Agentes que, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, deveriam zelar pela saúde, segurança, educação e integridade dos menores.
Num momento em que emergem cada vez mais casos de pedofilia (violência sexual de adultos contra crianças e adolescentes) e denúncias de trabalho infantil em todo o país, a TV brasileira faz questão de reproduzir e reforçar os maus tratos contra nossas crianças, sem se importar com as consequência que tais atitudes podem acarretar no futuro.
Onde está o Governo Federal, o Poder Judiciário, o Ministério Público, o Ministério da Justiça (instância responsável pela Classificação Indicativa da TV aberta), a sociedade civil organizada, para que tomem as devidas providências diante desse caso? Continuará o poder público negligente e inoperante frente a situações como a do Programa Silvio Santos? E a sociedade (leia-se telespectadores), continuará conivente com a exploração de crianças e adolescentes na TV ou se mobilizará contra os abusos, nem que seja desligando a televisão no momento em que programas como o de Silvio Santos estiverem sendo exibidos?
Chegou a hora de darmos um basta à bagunça em que se transformou a TV aberta no Brasil. Não se pode mais admitir que crianças, já vivendo em realidades de opressão e desrespeito, continuem sendo alvos de humilhações de todo tipo num espaço que, pela Constituição Federal, deveria promover cultura, educação e informação de qualidade a todos os brasileiros.
Se não mudamos nós, a mídia não muda!
Até a próxima!
Um comentário:
Estou sentindo sua falta nas reuniões Pró-Confecom. Muito trabalho?
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